Manifesto para a proteção da identificação digital no Brasil

A idéia de criação de um “Cadastro Nacional de Acesso à Internet” prevendo a criação de um mecanismo de identificação dos usuários e a introdução de mecanismos de controle de acesso a serviços e conteúdos têm sido recorrente no Brasil.

As discussões em torno deles vem mostrando a inviabilidade técnica da implementação de cadastros com essas finalidades, mas lamentavelmente não vem sendo discutidas alternativas adequadas para a devida identificação digital no Brasil.

Este manifesto propõe um conjunto de princípios para a construção de serviços de identificação de pessoas na Internet. É um convite para que cidadãos, organizações da sociedade civil, empresas, além do poder público discutam o tema.

Esperamos, com isso, contribuir com a construção de uma política de identificação digital no Brasil, que respeite o Marco Civil da Internet e as caractersticas técnicas do funcionamento da rede mundial de computadores.

O Congresso Nacional vem realizando um debate relevante sobre a reformulação do modelo de organização da identificação civil no Brasil, em torno da criação da base biométrica nacional pelo Tribunal Superior Eleitoral e a sua institucionalização com o Projeto de Lei 1.775/2015, cujo substitutivo em discussão institui a ICN – a Identidade Civil Nacional.

Entendemos que é fundamental aproveitar esse momento para ampliar esse debate com a inclusão de uma política de identificação digital para o Brasil aderente à arquitetura técnica que viabiliza o funcionamento da Internet. Uma política que impulsione o uso seguro de serviços eletrônicos, sejam eles públicos ou privados, assim como, também, trate adequadamente os desafios à proteção da privacidade e dos dados pessoais que são amplificados na Internet.

Os princípios que devem ser considerados na implementação da identificação digital no Brasil são:

Os princípios descritos neste Manifesto são fundamentais para uma identificação digital universal, transparente, segura e que promova a cidadania, garanta a privacidade, combata fraudes, seja facilmente compreensível, promova a inclusão em serviços públicos e privilegie a autonomia do cidadão quanto às decisões sobre o uso dos seus próprios dados.

Esperamos que o governo federal se comprometa e garanta os princípios aqui descritos, para garantir à sociedade brasileira o direito à privacidade e liberdade com o objetivo da consolidação de uma sociedade com inclusão digital transparente e escalável.

6 de dezembro de 2016.

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